quinta-feira, 6 de maio de 2010

"Nada de saudosismo,

Saudosismo é uma espécie de masturbação sem verdadeiro prazer, uma inutilidade atravancadora, que no máximo pode ser empregada para brincadeiras, mas geralmente é perda de tempo mesmo.”

Tudo bem, eu concordo. Não existem bons tempos, só tempos.
E existem as memórias destes tempos.
Na verdade essa história de tempo é muito relativa, como todos já sabem.
Estou na empolgação de escrever sobre um tempo que, dentro de uma verdade sistemática, durou alguns dias. Agora, se você me perguntar eu responderei que vivi uma ERA.

A intensidade absurda e a quantidade surreal de simbolismos fizeram com que aqueles momentos se tornassem referência. A minha referência da Verdade.

Eu lá, imatura, esforçada e superficial.
E ele lá, sendo ele.


- Você precisa transar e fumar maconha.

- Com você.


Eu sou capaz de criar um GRANDE filme sobre estes dias.
Com estes dois GRANDES personagens.

Adiantarei a cena final, que não poderia ser menos grandiosa.

Cine Lapa - Festa de Rock - Noite

Nunca. Repito. Nunca fiquei tão bêbada como este dia.
As pessoas não passavam de borrões encarnados e eu conversava com elas numa alegria exagerada tentando preencher o vazio imenso que estava sentindo porque ele não estava lá.
De fato algumas semanas depois um cara veio falar comigo como se já me conhecesse há anos e eu não lembrava dele de jeito nenhum. Depois fomos descobrir que eu tinha puxado assunto com ele nesse dia do Cine Lapa. Trágico.
Eu sei que ligava de dez em dez minutos e nem lembro o que ele respondia.
Até que alguma hora da madrugada, estava eu do lado de fora exercitando meu lado 'poetisa' (como ele mesmo diz) e bastante introvertida quando olhei pro lado.Ele estava lá. Nos abraçamos. Muito forte. E só.
Fugi. Saí dali. Achei que ia explodir.
Ao longo da noite a gente se esbarrou mais umas duas vezes. E nos abraçamos. Só.
Eu só conseguia abraçá-lo e ir embora.
E ele de fato foi embora. Da festa. Do Rio. Depois do Brasil.
E eu fiquei. Fiquei. E ainda estou.


Antes disso, no início desta história, digamos que antes da primeira virada do roteiro, ele tocou Simon & Garfunkel no violão.
Aí ele foi embora. Não de vez, ainda.
E eu fiquei ouvindo "Dangling Conversation". Essa música entranhou em mim de uma forma inexplicável. Até hoje ouço e lembro da sensação inigualável de esperança, conforto, aceitação e afeto.

Éramos nós... e sou eu agora.

And how the room is softly faded
And I only kiss your shadow,
I cannot feel your hand,
You're a stranger now unto me


Lost in the dangling conversation.
And the superficial sighs,
In the borders of our lives.


(Perdidos na conversa pendente e nos suspiros superficiais, in the borders of our lives.)

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