sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

fingi-dor

Ele deu início ao meu conto de fadas psicodélico
vestia preto quando todos vestiam branco
citou meu filme favorito enquanto acendia o cigarro
olhava nos meus olhos com uma sinceridade intimidante
'antes eu queria comer as duas, agora eu quero só você'
precisava ser com ele e só com ele naquele mês naquele dia naquela época
entrou em mim, entranhou liberdade
um mensageiro divino.
voltou pro paraíso de onde saiu

no dia seguinte tinham pessoas à minha volta
e minha cabeça doía e eu falava de loucuras que tinham acontecido
não dele. eu não falava dele.
meu peito começou a doer e uma lágrima saiu sorrateira
eu não sabia o que estava acontecendo foi tudo muito involuntário.
levantei, andei um pouco, fiquei com medo
'tenho que ir'
então saí correndo, correndo, correndo
Escancarei a porta de casa
e saíam soluços, saíam lágrimas, aaaaaaaahhhhhhhhh
eu expurguei toda a minha vida naquele choro
foi tão profundo para minha carapaça superficial

algumas dores não se podem fingir

quando criança eu tinha medo de 'arranhar o coração'.
agora tenho que me segurar pra não enfiar uma faca abstrata nele todos os dias

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