Aquela guerra estava me consumindo. Muito sangue, suor e lágrimas provocadas por excessivas explosões mentais. Sair daquela trincheira estava ficando cada vez mais difícil e trabalhoso. Sempre fui covarde. Aquele soldado que se posta atrás dos mais ligeiros no gatilho. Não quero atirar mas também não quero morrer, oras. Quando o inimigo inevitavelmente se aproximava, tratava de afastá-lo completamente a pontapés! E a granada acabava por explodir nas minhas próprias mãos. Feridas e calos trazidos de uma vida anterior a essa, com certeza. Minha covardia sem limites estava explicada! Eu morri naquela guerra e meu corpo não aguentaria mais tanto arranhão.
Chegou por trás e me sequestrou.
Longe de todo o caos, eu permaneci. Viva.
O barulho dos tiros não me incomodava mais naqueles momentos em que o inimigo falava comigo. O barulho estava lá, todo o tátátá pá pow!
'como as pessoas gostam de estraçalhar os corações alheios.' pensei
e o inimigo fazia, falava e demonstrava (que existiam exceções).
e eu mentia. porque eu minto muito bem. minha maior habilidade. aquela velha granada que não cansava de explodir. e volta e meia estava eu lá, toda destroçada.
e o inimigo vinha e me colava toda novamente.
e eu pensava: porque?! porque ele está fazendo isso?!
'porque não atira logo?'
'porque estou aprendendo com você'
Aprendendo... pensei que afinal o inimigo não batesse muito bem. Deixa estar.
Tô viva pelo menos.
dormindo com o inimigo e mais acordada que nunca.
o tempo passou e nosso esconderijo deixou de ser escuro, duro e estranho.
Um belo dia resolvi perguntar:
'O que afinal você aprendeu comigo?'
No que ele respondeu ligeiro:
'Pode ser piegas... mas eu aprendi a amar.
e minha espada caiu dura e barulhenta
meu escudo se desmontou como se não passasse de lataria enferrujada
'e eu aprendi a me desarmar'
He shot me down, bang bang
I hit the ground , bang bang
That awful sound, bang bang
My baby shot me down.
Até logo…
Há 2 anos
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