quarta-feira, 9 de maio de 2012

If you ain't special, baby

Joguei minha jaqueta de pseudo-couro por cima de uma lingerie creme e preta e vesti meus coturnos.
Tom Waits seduzia os alto-falantes me dizendo que eu era tão má quanto ele. Uma heineken gelada descia pela minha garganta enquanto algumas gotas teimavam em cair na minha barriga. Pela primeira vez senti ele olhar pra mim do jeito que eu sempre olho pra ele. Admiração e tesão. Muito tesão.
Me olhava no espelho e me sentia livre. Linda demais. Gostosa pra caralho.
Montei meu palco, escolhi meu figurino. Que porra é essa? Porque não consigo ser livre fora do motel? Mas eu não estava livre lá dentro. Minha mente ainda acorrentada à escuridão do inconsciente. Mão na barriga. Mão de homem, barriga de mulher. Desliza. Dedo. Pontada de tesão. Me desvio, mais cerveja. Mais música.
Cada passo a frente me aproximando da liberdade de tornar-me melodia. Um passo, uma batida. Meu quadril dança. Ele assiste imponentemente Homem. Leão. Meu corpo acompanha minha mente na leveza e elegância de uma felina. Tigresa. Tão poderosa e tão frágil.
Aquela mão enorme, macia e masculina me puxou pra perto de um peitoral peludo e confortável. Quando um Homem consegue externalizar a maioria das potencialidades da espécie, não há fêmea que resista. E ele é tão Homem. A barba percorria todo o meu corpo. Eu sou tão Mulher ao seu lado. Ahn. Tão Mulher. AAAhhn. Aahhn. Aaahhhhn.

'If you ain't special, baby
then everything's the same.'

e baby, eu sou especial.
porra, eu sou especial pra você.

Nenhum comentário: