Before Midnight

tenho repetido mentalmente: be humble, be humble.
mas até 'seja humilde' eu penso em inglês.
fecho os olhos e verbalizo as palavras de Henry Miller: "preciso me entupir de conhecimento, perceber a futilidade de tudo, destruir tudo, me tornar desesperado, a seguir humilde".
caminhar na rua sempre foi uma tarefa muito esquisita pra mim, porque nunca foi algo natural.
eu estou constantemente preocupada com o que os outros vão achar da minha pessoa.
não existe situação mais claustrofóbica. por isso ficar trancada no quarto me parece tão libertador.

caminhar até a padaria acaba se tornando uma atitude filosófica.
tenho exercitado a auto-análise a quase todo instante, por isso tenho me mantido atenta aos meus atos e pensamentos em relação a tudo.
hoje acordei me sentindo bonita e auto-confiante, saí pra ir ao supermercado e estava me achando toda-toda  na rua, não me importando sinceramente com a opinião de ninguém e como isso é raro, posso dizer que não existe nada melhor do que a sensação de 'don't give a damn'. mas isso só durou até chegar no meu destino. na volta pra casa já estava me achando feia novamente, é péssimo.
mas fiquei pensando sobre a relação entre a insegurança e a humildade.

não acho que a insegurança gera humildade, aliás, muito pelo contrário!
a insegurança nunca gera nada de bom, e tem sido meu 'calcanhar de Aquiles' há tempos demais.
rezo pelo dia em que inventarão a injeção de auto-estima. serei a primeira da fila quando isso acontecer, com certeza.

sei que se eu transformasse a minha vida e fizesse o que eu realmente amo, seria a pessoa mais humilde do mundo. não tenho dúvida alguma sobre isso.
me tornaria tão, mas tão agradecida ao Universo que a humildade viria no combo.

a humildade simplesmente não veio no meu gene e é uma das qualidades que eu mais admiro no ser humano. então preciso me esforçar MUITO pra ser humilde. e eu tento. aahhh mas eu teeeeento demais.
e vou continuar tentando forever and ever.

(brecha astrológica: sol conjunção com júpiter = ego inflado. ainda nasci no último dia de câncer e tenho certeza que peguei um resquício do orgulho leonino. acho que é por isso que os leoninos me dão tanta raiva, eles revelam esse meu lado sombrio)

enfim, mantra eterno:
me entupir de conhecimento, enxergar a futilidade de tudo e seguir humilde.