sábado, 31 de julho de 2010

fim do mês

estou aqui sentada.
fumando desesperadamente o único cigarro disponível, vasculhando nas bolsas à procura de mais unzinho. de saia de cintura alta porque foi a primeira peça de roupa que encontrei jogada na cama bagunçada. tomando cerveja, quer dizer, engolindo cerveja, porque comprei 1 litro e eu vou ter que tomar ela inteira pq a garrafa não fica em pé no congelador e minha geladeira não está funcionando e eu não vou desperdiçar Quilmes.
minha amiga acabou de ligar falando preu me arrumar porque a noite vai ser psicodélica. sou a própria imagem romântica da decadência. os seres humanos são ironicos e inventaram um dia para o orgasmo. aham. vou mandar um beijo pro orgasmo, porque ele merece. ele tá lá quando a gente precisa dele. Aliás, nem sempre. nem sempre mesmo.
Tô com medo porque hoje eu não tô com medo de fazer merda.

eai?

sexta-feira, 30 de julho de 2010

me leia para que eu seja.

Hoje saí devorando textos com a esperança de me deparar com algumas palavras que conseguissem aliviar esse troço corrosivo da porra do meu coração!
E eu achei! Achei um texto lindo da Tati Bernardi que expressa perfeitamente pelo menos 1/15263254 do que estou sentindo. Portanto, trate de ler!
Estou escondida nas entrelinhas.

"Eu não vou gostar de você. Nunca. Jamais. Eu jamais vou gostar de alguém. Se você começar, vou tornar sua vida um inferno. Uma vez me agradando, essa será sua rotina eterna. Sem fim. Porque nada me agrada. E tudo sempre será pouco e ridículo e até ofensivo. Então, nem comece, nem tente, não faça nada.
Eu nem estou vendo você. Percebe? Não me peça para abrir os olhos no meio da minha tentativa de me sentir através de você. Não brigue comigo porque não sei permanecer em nós na hora do brinde. Eu sequer vejo você, como posso ver isso que chama de “nós”?
Só me empreste seu rascunho, deixe que eu termino o desenho. Me empreste seu contorno, deixa que eu preencho, recheio, enfio coisas aí. Me empreste isso que é você e que vaga por aí. Eu dou nome e dor e limites e histórias. Eu dou tudo. Deixa. Por favor. Se vire. Se quiser ficar por aqui mais um tempo, se vire. Seja nada, por favor. Me deixa fazer, por favor. Me empresta sua altura para eu subir. Me empresta seu silêncio para eu morrer. Me empresta sua volta para eu viver. Me empresta sua boca para eu me beijar. Me empresta seu pinto para eu me comer. Me empresta sua gana para eu gritar.
Me empresta seu sorriso para eu achar graça na vida. A sua língua para eu me engolir. A sua preguiça para eu cansar um pouco de mim, também preciso disso. E o quente das suas costas para eu dormir comigo. E o seu desejo para eu sentir que piso nesse mundo. Esteja aqui para que eu esteja. Por favor. Só isso. Tenha fome para que eu sobreviva. Pense em mim para que eu exista. Me leia para que eu seja.
Nunca, jamais, diga coisas absurdamente suas porque quando eu não mais puder me ver em você, acabou. Entende? Se eu não puder me ver em você, não resta nada. Então, não diga, não faça, não opine, não brigue e, principalmente: não me agrade.
Eu me agrado através do que vejo de mim em você. Então, jamais, em hipótese alguma, me ame com propriedade. Seu amor de surpresa é uma solidão terrível. Me ame com o meu amor de sempre. Me ame apenas com o que tem de mim em você. Me compre com o dinheiro que eu depositei em você. Não quero nada seu. Sou como a minha geladeira, to sempre gemendo, precisando de conserto, fria, nova, escandalosa. Mas se você encostar nela de novo, com sua vontade de arrumar minha vida, eu te expulso daqui.
Sou demais pra mim, me leve embora. Guarde um pouco com você. Não, não traga suas coisas. Leve as minhas. Divida. Sua casa é maior, seu peito, seus anos. Divida comigo eu mesma e já teremos problemas e soluções e motivos para duzentas vidas. Seja eu e por favor veja o que dá pra fazer com isso. Porque eu não sei.
Apenas apareça de vez em quando e traga um pouco de mim. Não muito e não sempre e não demais, para que eu sinta saudades e possa sonhar comigo, para que eu consiga pensar em mim. O que mais faço é na verdade o que jamais fiz. Nem por um segundo. Pensar em mim. Gostar de mim. Sempre e nem por um segundo."

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dia 4

testando, testando!
olá

Aqui quem vos fala é a metade de alguém.
Agora estou sem tempo para explicar o motivo da rachucha.
Preciso compartilhar rapidamente algumas informações com vocês, estão me ouvindo?
Minha cabeça está doendo, as pálpebras estão quase fechando, o estômago reclamando, a realidade clamando por atenção. Esta metade não está nem sóbria nem dopada. Nem sentada, nem deitada, nem levantada. Os olhos estão atentos, o ouvido está meio entupido e o nariz só cheira podridão. Não está mal.
alou. alou. Ainda aí?
Nada disso deveria soar como reclamação, vocês puderam perceber pelo meu tom de voz.
É só uma constatação.
É estranho estar dopada e presa na realidade ao mesmo tempo.
É impressionante mas
é possível acostumar-se com absolutamente tudo.

Quero dormir e só acordar daqui a 6 dias, pode ser?

- Não, NÃO PODE

shhhh, não liguem para esta outra voz. É a outra metade querendo se meter no meu depoimento! SAI DAQUI!
Enfim, desculpe queridos. Precisava falar aqui.
Essa coisa que quer sair de mim não se manifestou dessa vez!
até breve

terça-feira, 20 de julho de 2010

tomorrow maybe even brighter than today

eu tinha muito medo do vazio.
Não tenho mais.
A sensação se compara a uma queda infinita para dentro de um buraco negro.
a uma queda infinita para dentro.
falling falling falling.
até que você e o buraco tornam-se um.

sentir palpitar em cada molécula do seu ser a verdade maior de todas:
solidão

A solidão é um buraco dentro.
Despeja-se tudo e todos para tapá-lo.
Não adianta, é claro. Fugir do buraco é escapar da verdade.

Consigo me distrair muito bem.
Afinal, sentir a verdade 24hrs por dia é simplesmente impossível.
Me distraio com a esperança de encontrar outras verdades.
Todos esses seres humanos, sem exceção, sabem de tudo. Só fingem que não sabem.
É preciso atuar nesse filme. A vida é somente um filme, sem dúvida.

Eu agarro o vazio com as mãos, olho nos olhos dele e digo: não tenho medo.
Ele vai me engolir do mesmo jeito, mas eu não tenho medo.


'Lonely eyes, lonely face, lonely, lonely in your place'

quarta-feira, 14 de julho de 2010

é esse jogo

"Então, eu não acredito que falte inspiração porque não me enxergo em mim. Sou muito mais biográfico sendo os outros. Se eu quisesse contar minha vida não teria inspiração nenhuma. Minha vida é um atrito diante das outras vidas. Eu vivo recuperando o que é meu nos outros. E vivo devolvendo o que é dos outros que estava em mim. É esse jogo de comparações."

Carpinejar

sábado, 10 de julho de 2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

I just wanna love,

and be loved in return.

auto-sabotagem

Estou começando a perceber que tenho pavor de Constância.
Não, Constância não é uma pessoa. Mas se fosse, seria minha arquiinimiga.
Tudo tende ao tédio. Eu não tenho pavor do Tédio, simplesmente sinto certo 'nojinho' por este ser super amigo de Constância.
Procurei sobre a dita cuja neste mundo cibernético globalizado e me deparei com algumas citações.

"A Constância não deixa que o homem se perverta: eleva-o." (Textos Cristãos)

"O homem sem Constância nunca pode ser considerado sério nem virtuoso."
(Textos Judaicos)

"A minha inconstância é tão constante que acabou se transformando numa grande Constância." (Jaak Bosmans)

"Se os homens fossem constantes seriam perfeitos." (William Shakespeare)

Enfim, adoro concluir que religião é uma parada super FUCKED UP.
Mas não é exatamente sobre isso que quero falar.
Minha pergunta é: o que fazer quando você está absolutamente ciente de uma absurda cagada que seu corpo e mente estão prestes a fazer 'behind your back'? Você impede? Como, se seu pavor tem proporções gigantescas e isto torna-o mais importante que seu bem-estar?

Quer dizer que preciso faltar o respeito comigo e com os coadjuvantes só para fugir loucamente de Constância, Rotina e Tédio? Cruel.

Só sei que PRECISO de emoções fortíssimas, preciso associar simbolismos às emoções, preciso me rasgar de chorar, ouvir músicas que falam por mim, quiçá compôr músicas que me escutem e sofrer. Eu e o sofrimento somos amigos íntimos!

E aí, alguém pode me salvar de mim?