quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

don't go down to fannin' street

achava que ficando sozinha eu poderia ser livre.
bullshit
sozinha eu afundo.
escarafuncho a lama do poço e fico por lá.
sabe, já basta. Não quero carregar ninguém pro fundo.
nunca dei nada para ninguém. nunca nunca;
e a gente fica nesse jogo egoísta, o mundo e eu.
se nos meus pensamentos eu saio por aí sozinha e me dou bem,
é porque adoro uma fuga
sei que não sou toda podre
mas o mal cheiro é forte
eu não amo.
ah, mas como eu queria
a prisão da vida
porque só acontece o que tem que acontecer.
e eu estou presa nessa gaiola maluca
porque só o amor liberta
a chave taí
mas se fosse fácil, han
se fosse fácil eu num tava aqui.

quando o amor deixar de ser clichê, pra mim
já vou estar voando por aí há algum tempo

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

esqueci

o que a paixão constrói a rotina destrói
nunca pensei que me acostumaria com o seu sorriso
mas também nunca pensei que me deslumbraria com ele
os meus textos estão chatos porque a minha vida está um tédio total
tô morrendo afogada
PUFAVÔ
me salva

caralho eu preciso te achar incrível
eu vivo te dizendo: FAZ ALGUMA COISA
suplico
porque eu bem sei,
onde tudo isso vai dar

e eu sei que você é incrível
mas não tenho sentido isso

deve fazer parte da bad, né?
DIZ QUE SIM

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

hello darkness my old friend

Não é possível que de lá pra cá eu tenha descarrilhado.
não é possível que depois de pregar tanto contra a hipocrisia ela realmente nunca deixou de estar em mim
que eu não desenvolvi nada, não colhi nada porque plantei coisa alguma.
não é possível que tudo o que me resta são sentimentos humanamente malignos
cíume, arrogância, inveja - insegurança
me recuso.
o meu problema é que nem eu me levo a sério;
sou uma atriz espetacular esta é a verdade.
a única verdade que existe é a música.
por mim vivia em um universo paralelo regado a música
e ar condicionado.
mas fazer o que? Muitos concordam comigo.
resolução de ano novo? sair da bad.
encontrar o sentido novamente.
Eu odeio quando me perco dos sentidos.
e adoro perder os sentidos
(quer dizer, depende)
tudo depende.
eu dependo e me sinto um lixo.
preciso ficar sozinha
como se na verdade eu fosse um copo de vidro
e por dentro só água
e eu despejo minha água nos outros
quando meu copo fica vazio
eu fico vazia
e a única verdade que existe é o vazio.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

fingi-dor

Ele deu início ao meu conto de fadas psicodélico
vestia preto quando todos vestiam branco
citou meu filme favorito enquanto acendia o cigarro
olhava nos meus olhos com uma sinceridade intimidante
'antes eu queria comer as duas, agora eu quero só você'
precisava ser com ele e só com ele naquele mês naquele dia naquela época
entrou em mim, entranhou liberdade
um mensageiro divino.
voltou pro paraíso de onde saiu

no dia seguinte tinham pessoas à minha volta
e minha cabeça doía e eu falava de loucuras que tinham acontecido
não dele. eu não falava dele.
meu peito começou a doer e uma lágrima saiu sorrateira
eu não sabia o que estava acontecendo foi tudo muito involuntário.
levantei, andei um pouco, fiquei com medo
'tenho que ir'
então saí correndo, correndo, correndo
Escancarei a porta de casa
e saíam soluços, saíam lágrimas, aaaaaaaahhhhhhhhh
eu expurguei toda a minha vida naquele choro
foi tão profundo para minha carapaça superficial

algumas dores não se podem fingir

quando criança eu tinha medo de 'arranhar o coração'.
agora tenho que me segurar pra não enfiar uma faca abstrata nele todos os dias

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

things we said today

love me all the time boy, we'll go on and on.
Someday when we're dreaming deep in love not a lot to say, then we will remember things we said today.

Me, I'm just the lucky kind, love to hear you say that love is love.
And though we may be blind, love is here to stay and that's enough

right?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Acredito no fim

então eu disse que tudo o que restou foi uma garrafa.
pouco liguei para o liquido em seu interior porque queria que durasse para sempre. queria que ficasse daquele jeito, o liquido e a garrafa, do jeito que ele me deu.
e assim passaram os dias e sim, os meses.
Falei que não conseguiria dar cabo daquilo, aquele objeto encarnava o fantasma do meu sentimento. E fantasmas são a representação do inacabado.
como eu tenho fé nesse tal de COSMOS. Dei um nome pra ele, porque ele sempre é tão lindo comigo! E já se mostrou presente TANTAS vezes que não existem mais dúvidas para me assombrar.
Sob o efeito mágico do álcool em um dia desses no meio da rua me deu um clique:
faz tempo que não vejo a garrafa.
Cheguei em casa e minha mãe ainda estava acordada.
Perguntei, ela respondeu: joguei fora.
meu olhar mudou, acho que cheguei a apontar o dedo pra ela, só sei que deixei minha progenitora com medo de mim.

e fui pro quarto tentar chorar.
Tentei, esbravejei! Mas não saiu uma lágrima.
A garrafa se foi.
Assim como o sentimento.
foi-se embora do mesmo jeito que veio.
de repente.



assim.

até quando?

ao abrir os olhos pela manhã a primeira coisa que ela vê é uma tela em branco.
quantas possibilidades!
Minutos depois o cérebro começa a funcionar e ela se dá conta:
é só o teto.

Sai da cama e vai viver sua vida opaca.

Ela gosta de barbas por recalque. Queria ter uma.
Até quando irá trancar sua inspiração no corpo de um homem?