segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A garrafa de gatorade

Tudo o que restou foi uma garrafa de gatorade.
Foram meses de idealização, muitos meses, meses que viraram um ano.
Meses de descobertas interiores absurdas, meses de inspirações coloridas.
Foram os melhores meses que alguém poderia ter.
Agora, tudo o que resta é uma garrafa de gatorade escondida dentro do armário.
E em uma segunda-feira, o dia que simboliza a própria realidade, eu resolvi acabar com essa garrafa.
Mas não consegui.
O gosto amargo do conteúdo vai ficar pra sempre em mim, tenho certeza.
A amargura do fim.
Do fim do líquido, das minhas aspirações, inspirações e idealizações.
Ele disse que o líquido falava a verdade e colocou um pouco numa garrafa velha de gatorade (que eu sei que ele toma quando está de ressaca). Tinha umas 3 garrafas vazias espalhadas. Mas ele pegou uma e disse:
“Já que você não me vê mais como verdade, finalmente, tome isso e descubra a sua. Descubra que você é de verdade.”
O que eu bebi foram 3 tampinhas de um líquido forte.
Já passaram duas horas e só estou com dor de cabeça mesmo.
Drogas não funcionam comigo.
Minhas expectativas em torno delas são grandes e elas sempre me decepcionam.


Mas ele prometeu a verdade.
E pelo visto três tampinhas não são suficientes.
A verdade tem um preço alto.
Pelo visto, o conteúdo inteiro da garrafa.
Pelo visto, todas as minhas idealizações, inspirações e aspirações.
A verdade quer que eu me desfaça da garrafa de gatorade e de todas as bullshits que ela simboliza.
E eu não preciso tomar nada pra saber disso.

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